My Number One (Gosick)
私のナンバー1
[Oneshot]
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Victorique suspirou impaciente, tal como uma criancinha birrenta, observando o belíssimo teto vitralado que
banhava o esplendoroso jardim da cúpula com a luz solar; convidativa para brincadeiras ao ar livre. O dia já
havia entardecido, o que dava sinais de que provavelmente não haveria nada que movimentasse sua rotina.
Como detestava aquilo! Mesmo que tivesse livros de sobra à sua disposição, uma hora até mesmo ela, uma
leitora quase incansável, enfastiava-se daquilo. Estava desesperada para arranjar algo para fazer, mas nada lhe
restava a não ser ler, como vinha fazendo há mais de seis horas. Desejava conversar. Mas não com qualquer
pessoa! Era tímida demais para interagir com os alunos da Academia que volta e meia arriscavam subir e
confirmar se era verdade ou não o conto sobre a fada dourada que habitava o alto da biblioteca. Ansiava por
ele! Kujo, seu único e melhor amigo; ele que costumeiramente aparecia por lá e alegrava o seu dia — ainda que
fosse orgulhosa demais para reconhecer o quão afortunada era por tê-lo conhecido.
A imagem do garoto logo lhe veio à mente. Sempre com aquele sorriso prestativo e grande no rosto, os cabelos
e olhos tão negros quanto ônix e toda a sua amabilidade ao conversar com ela.
— Kujooooo, cadê vocêêê? — frustrada com toda a solidão, ficou rolando no chão como era habituada a fazer
naquele tipo de situação, imaginando que era um vegetal.
Naquele instante chegou, ofegante, um Kujo Kazuya que acabara de percorrer toda a extensão da escadaria,
deparando-se com a caricata cena da garota embolando sobre o piso.
— Uh? Victorique? — questionou ele, indo até ela que, logo que o viu, levantou-se do chão e correu até ele,
exibindo uma expressão tão adorável que fez com que seus grandes olhos brilhassem.
— Kujo!! — a alegria transparecia na sua voz e, logo ao notar o quão desesperada estava parecendo,
prontamente coçou a garganta e cruzou os braços, sustentando seu típico ar solene e indiferente. —
Demorastes demais! — ralhou, virando o rosto. — O que tanto fazia até agora? — questionou, embora não
fosse necessário fazê-lo, já que a sua genialidade era capaz de prever com exatidão a resposta que ele lhe
daria.
Ele deu um sorrisinho discreto. Victorique era fofa demais!
— Tive que ficar até mais tarde na sala, resolvendo um trabalho que tenho que fazer com a Avril. — respondeu
de pronto. — Estávamos juntos até agora. — acrescentou, fazendo com que um forte azedume pairasse sobre a
língua da garota.
Ah, que maravilha! Pensou a baixinha, mau humorada por ter se sentido trocada por aquela... salamandra
flatulenta!
— Você sentiu minha falta, não foi? — o moreno perguntou, sabendo o quão solitária Victorique era.
— Não senti não!! Passei o dia todo lendo. Nem mesmo vi o tempo passar. — mentiu descaradamente. Era
orgulhosa demais para reconhecer que sim, que morrera de saudades dele e que, quando o viu, desejou
abraçá-lo.
— Ainda bem, então. — o rapaz falou inocentemente, aliviado em saber daquilo. — Fiquei preocupado. —
completou, exibindo um sorriso que transparecia sinceridade.
Victorique conteve-se para não sorrir, embora o rubor no rosto não conseguisse disfarçar.
— Mas... — coçou a garganta, tentando sustentar um ar de indiferença; o que pareceu incrivelmente adorável
aos olhos do garoto. — vocês estavam até agora a sós? — perguntou. Não conseguia mais aguentar a
curiosidade.
— Sim, estávamos. — respondeu desentendido. — Por quê?
— P-Por nada! Apenas imaginei o quão fastioso deve ser fazer um trabalho com aquela tonta. — não perderia a
oportunidade de alfinetar a Bradley mesmo em sua ausência.
Kujo, entretanto, não se convenceu com tal argumento.
— Victorique... — iniciou cuidadosamente. — poderia você... estar com ciúmes? — disse o final da frase com
um sorrisinho de presunção; este que pareceu uma verdadeira afronta ao orgulho da garota.
— É claro que não, idiota! — retarguiu, ultrajada. Ciúmes? Hahaha, ela não sabia o que era aquele tipo de
sentimento!
E pela resposta malcriada que ela lhe deu, o moreno soube que acertou em cheio. Gostava de saber que ela o
estimava tanto.
Alargou o sorriso e logo continuou:
— Está com ciúmes sim. — provocou, e antes que a loira rebatesse furiosamente, ele prosseguiu: — E não
precisa ter. Você é a número um, pra mim. Sempre vai ser. — garantiu.
Quem mais o faria subir uma escadaria imensa todos os dias, e sair gastando seu dinheiro comprando doces e
artigos femininos? Quem mais o faria desejar que o dia seguinte começasse para que pudessem sair juntos
resolvendo mistérios? Quem mais o tratava como um servo e ele alegremente acatava suas ordens? Victorique
havia se instaurado em sua vida de tal modo, que a maior parte do tempo estava pensando nela. Aquilo nunca
iria mudar.
Ante àquelas palavras, a loirinha enrubesceu ainda mais, cheia de constrangimento e felicidade.
Sufocou a grande vontade de sair pulando de alegria e, ao invés disso, apenas deu um sorrisinho tímido; gesto
esse que foi captado pelos olhos de Kujo.
— É bom que isso seja mesmo verdade!
E depois daquilo passaram uma tarde divertida juntos, comendo os vários doces que Kujo trouxera. Ambos
desejaram que mais tardes como aquela ocorressem.
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