23/08/2021

Tempo para Amar

A OBRA A SEGUIR POSSUI CONTEÚDO ESCRITO IMPRÓPRIO PARA MENORES DE DEZOITO ANOS!

Darling in the Franxx (ダリフラ)
 [Oneshot] 


♥ 

Sentada de pernas cruzadas acima do piso frio de madeira do quarto, Zero Two detinha-se em recriar as páginas do livro que outrora haviam sido a única coisa bela que vira; a primeira vez em que seus inocentes olhos de criança foram agraciados com ilustrações coloridas, as quais evidenciavam o quão incolor e sombrio era seu mundo. Guiada pelas vívidas e nostálgicas memórias de si e de seu amor, permanecia com um sorriso sereno na face, absorta em cada trecho escrito e desenho gravado em sua memória e, principalmente, em seu coração. Devorara-o metafórica e literalmente, determinada a eternizá-lo em si. Aquele livro era seu grande tesouro. Sua vida havia ganho um novo sentido a partir do momento em que um garotinho bondoso resolveu salvá-la de seu cativeiro escuro e mostrou-lhe um mundo diferente daquele cruel no qual fora criada; nele havia luz, cores, vida e liberdade. Liberdade esta que, embora fosse tão efêmera quanto uma folha atrelada a um carvalho, foi o suficiente para que eternizasse-a em seu coração. Graças àquele garoto cujos olhos eram tão azuis quanto o céu, e cujo sorriso era tão gentil e puro quanto a neve que os rodeava; não demonstrando qualquer repulsa ou medo por estar diante a um ser diferente de si, conhecera pela primeira vez o verdadeiro afeto e amor.

Tudo graças ao seu Darling, seu salvador. O parceiro que elegera ainda criança. O garoto que fazia-a despertar sua humanidade e desejar criar memórias bonitas junto a ele. Aquele a quem teria para toda a vida. 
 
O dono de todo o seu amor. 

 — Darling, seu taradinho. — a garota brincou ao vê-lo entrar discretamente em seus aposentos, adornada por seu sorriso de moleca. 

Hiro sorriu ao ouvir o apelido carinhoso, acompanhado daquela provocação que sempre deixava seu coração aquecido. Aproximou-se dela e sentou-se ao seu lado no chão.

— Ainda desenhando? — perguntou ele, observando a companheira que, cercada de folhas de papel brancas e lápis de cor, prosseguia com sua divertida missão com o auxílio de uma vela acesa sobre um castiçal.

— Não é um livro tão pequeno. Além disso, ele possui imagens muito elaboradas e coloridas. — explicou. — Olha só!! — ergueu a folha num gesto infantil e adorável, exibindo a arte feita com tanto aprumo um pouco abaixo da linha dos olhos.

Ele sorriu tenro, observando que naquela noite Zero Two resolvera usar novamente a tiara florida feita por Miku, o que encobria minimamente seus chifrinhos e a deixava ainda mais fofa.

— Você é tão talentosa. — disse ele, orgulhoso. — Queria poder te ajudar, mas você já viu como são as minhas habilidades em desenho. — relembrou o vergonhoso rei que tentara criar num papel.

Ela então riu daquele jeito iluminado e espontâneo que sempre o contagiava.

— Mas você sabe o quanto eu adorei o seu desenho. Até mesmo recebeu meu certificado de aprovação. — ela rebateu dulçorosamente, ao que pôs ambas as mãos sobre os ombros de Hiro. — Eu amo absolutamente tudo que o meu Darling me dá. — garantiu.

A garota inclinou-se e depositou um rápido selinho em Hiro, gesto que foi o suficiente para fazê-lo alargar o sorriso.

E eu amo você. — respondeu o moreno, observando os olhos de cor tão vibrante e hipnótica quanto um obelisco de quartzo verde, que o encaravam a poucos centímetros de distância.

Sim. Eu também te amo, Darling.

E então fecharam os olhos e juntaram as testas, permanecendo calados e imersos pelo calor e ternura um do outro.

Depois que a verdade sobre o passado dos dois viera à tona, chegaram a um estágio em seu relacionamento no qual as declarações e gestos de afeto eram ditos sem reservas. Suas mentes eram como uma só, de modo que sempre sabiam o que o outro estava pensando. Palavras já não eram o único modo com o qual se comunicavam. Faziam-se completos da mesma forma que os Jian; os conhecidos pássaros de uma asa só, se sentiam junto ao parceiro. 

 Após alguns segundos, abriram os olhos.

Você se tornou igual a mim. — ela sorriu ao se distanciar, observando as protuberâncias azuis e pontiagudas que erguiam-se por entre os cabelos negros de Hiro.

— Nós somos um só, lembra? — disse o garoto com beatitude; ela anuiu.

— Sim, eu sei. — sorriu. — Obrigada por existir, Darling. Se não fosse por você, eu continuaria perseguindo desenfreadamente a mentira de que, matando urrossauros, me tornaria humana.

Muito havia sofrido por ter nascido diferente. Na infância abominara a cor da pele, cujo carmesim era tão intenso quanto a agudez dos chifres que nela haviam. Não compreendia porque não nascera normal, tal como os outros. Ainda que já não fosse vermelha, haviam os malditos cornos em sua testa, dos quais nunca pudera se ver livre. Sua autoimagem causava-lhe repugnância, e muito se questionava quanto ao porquê da própria existência. Era um monstro. Cometera numerosas maldades e injustiças, usando o descabido argumento de que por meio delas alcançaria a tão sonhada humanidade — contraditoriamente, era aquilo que a distanciava de seu objetivo. Criaturas como ela estavam fadadas a estarem sozinhas. Isso, claro, antes de mostrar-se verdadeiramente mudada e arrependida, e conhecer pessoas que gostavam de si tal como era; respeitando sua individualidade.

No fim, aprendera a se amar verdadeiramente, vendo que, no fim das contas podia ser como eles.

— Você sempre foi humana, Zero Two. Nunca duvide disso. — Hiro sorriu afável; a garota ruborizou sutilmente enquanto assentia, vislumbrando a beleza dos olhos que tanto a acalentavam.

Ambos emanavam cumplicidade perante o outro.

Em meio àquele clima leve e confortável, a garota decidiu levantar-se do chão e ir em direção à janela, a qual expunha a encantadora vista do céu noturno.

— Ah, a noite está tão bonita!! — murmurou em puro encômio, enfeitiçada com o véu de estrelas cintilando frente às suas íris. — Darling, vem aqui!! — virou o rosto e acenou em direção a Hiro, o qual prontamente se pôs de pé e caminhou até si.

Com calma, o moreno a abraçou por trás e apoiou o queixo sobre seu ombro, apreciando o aconchego de estar com a mulher a qual amava.

— Desde sempre, observar as estrelas me traz calma. — ciciou. — Toda a vez em que me sentia um fracasso por não conseguir pilotar, eu me deitava abaixo de uma árvore e as admirava como agora.

Um vento fresco adentrava pela janela e acariciava-lhes fracamente os cabelos. Tudo aquilo possuía uma paz restauradora.

A rosada esboçou um sorriso fraco, aproveitando aquela sensação.

— Eu também costumava olhá-las de dentro do cativeiro em que vivia. Eu as invejava. Desejava ser livre como elas… Livre como um pássaro. Ter todo o mundo à minha disposição. — pôs as mãos sobre as de Hiro, recíproca.

Toda aquela conversa carregava consigo a melancolia de um passado não tão distante. Ambos eram parasites, crianças desenvolvidas com o único propósito de arriscarem suas vidas pilotando franxx, em prol de salvar a humanidade dos temíveis urrossauros. Nunca sabiam o que esperar-lhes-ia o futuro. O que restava-lhes era viver o presente da melhor forma possível; escutar a voz de seus corações, a qual guiava-os em meio à escuridão na qual viviam.

Hiro sentiu uma angústia no peito. Já não temia mais a morte há algum tempo, tudo o que temia era viver num mundo no qual Zero Two não estivesse consigo. Com ela tudo era novo, divertido e excitante. Ela havia sido a primeira de sua vida em muitos aspectos, principalmente no quesito amor. Estava loucamente apaixonado. Sua vida nunca havia lhe parecido tão prazerosa quanto agora lhe parecia. Desejava constantemente estar ao seu lado, fazer-lhe sorrir e dar risadas tal como ela fazia consigo. Estar com ela era uma feliz necessidade. A possibilidade de um dia acordar e não tê-la consigo, era tão nefanda quanto a de despertar e não ter o sol. Ela era seu sol.

E era fato: Amara-a desde o primeiro momento em que a viu. Para ele, um pequeno e curioso garotinho, aquela criança pareceu-lhe encantadora; nunca havia presenciado um ser tão belo e fascinante. Aqueles olhos grandes e cheios de expressão chamaram-lhe a atenção assim que os viu. Pareciam desejar chorar; imploravam por ajuda mas não sabiam a quem recorrer. Resgatá-la daquele quarto havia sido a coisa mais certa que ousara fazer. A pequena estava há tanto tempo em isolamento, que sequer falava direito; comportava-se como um animalzinho recém-saído de sua toca. Era adorável em todos os aspectos. Compartilhara junto a ela algum tempo, e juntos ele leu a triste história do livro que a garota segurava; livro este que foi a chave para uni-los irreversivelmente.

Ainda que Hiro tivesse perdido todas as memórias referentes àquele evento, o destino fizera questão de juntá-los novamente e reacender aquele sentimento. Agora, tudo o que desejava era viver mais momentos felizes junto à garota que elegera como parceira. Para toda a vida.

Ei, Zero… — Hiro chamou-a baixinho após algum tempo pensando em silêncio; a garota quebrou o amplexo e virou-se em direção a ele, os olhos tão serenos quanto a lua cheia no céu. — o que vem depois de um beijo? — perguntou, relembrando a vez em que a garota havia falado algo sobre aquilo.

A jovem assumiu um ar circunspecto, ao que lhe indagou após algum tempo:

— Por que deseja saber? 

 — Porque nosso futuro é uma incógnita. — respondeu de pronto, a voz rouca. — Tenho medo de um dia morrer sem ter desfrutado ao máximo de tudo o que podemos fazer.

Ela deu um sorrisinho sem jeito. Muitas vezes formentara a mesma insegurança que ele.

— Não sabia que você pensava nesse tipo de coisas, Darling. — disse em tom contingente.

— Quando se trata de nós dois, sim. — segurou o rosto feminino com ambas as mãos, encarando-a cheio de convicção e ternura. — Você é e sempre será meu único amor. Se for com você, estou disposto a tudo. — confessou tão doce quanto o mais puro mel.

A encantadora luz da lua e das estrelas dançava em suas íris úmidas.

— Darling…

E Zero Two já não sabia mais o que falar. Todo o seu corpo parecia aquecido por seu coração. Amava-o tanto! O sentimento que possuía era indescritivelmente forte. Para ela, Hiro era como a lua; sereno, encantador, apaixonante. Em seus momentos de alegria e desespero, ele sempre estava ali, com ela. Por ela. Nele havia uma pureza de espírito tão grande, que a influenciava a ser uma pessoa melhor a cada dia. Amava escutar suas risadas, principalmente quando era ela quem as proporcionava. Nunca contara a ele, mas quando o reviu anos depois, enquanto tomava banho despida no lago, sentiu o coração bater alvoroçado, embora tenha encoberto aquilo perfeitamente bem. Era por amá-lo tanto que estava disposta a enfrentar qualquer desafio para que pudessem ficar juntos.

Tudo o que conseguira fazer naquele momento foi esboçar um sorriso emocionado, o qual fora a deixa para Hiro ir de encontro aos seus lábios entreabertos e beijá-la com paixão. 

Com os olhos fechados, entregavam-se àquele prazer intenso, tal como se estivessem desesperados em tornarem-se um só ser.

Zero Two envolveu os braços ao redor do pescoço de Hiro e percorreu a cavidade de sua boca num ritmo tão veloz quanto o dele, enquanto o moreno descia as mãos de encontro à sua cintura delgada, apertando-a de forma moderada; completamente entregue a ela.

Em busca de ar, interromperam brevíssimamente o ósculo. Não passados muitos segundos, Hiro voltou-se em direção ao pescoço alvo, distribuindo beijos por aquela região sensível, ao passo em que a garota apoiava as mãos contra o batente da janela, tentando manter-se de pé.

Por favor, me ensine a te amar… — o moreno falou beijando-lhe o lóbulo da orelha, sentindo-se tão febril quanto jamais havia se sentido. Percorreu as mãos grandes por cima do fino tecido da camisola branca que Zero vestia, desejando ardentemente removê-la. 

A garota, ao ouvir aquelas palavras, sentiu um novo arrepio alastrar-se pelo corpo. Seguiu com as mãos em direção à barra da blusa de Hiro e ergueu-a para cima com o auxílio dele, que levantou os braços e deixou que ela a tirasse e jogasse num canto qualquer do chão.

Com o rosto completamente róseo, contrastando com os chifres azuis, e com os cabelos desgrenhados caindo pela testa, o rapaz puxou-a junto a si e novamente a beijou, tal como ela fazia consigo.

Estava desesperado por ela. Guiava-se unicamente por seus instintos, os quais fizeram com que descesse as mãos em direção aos glúteos de Zero e os apertassem.

A moça arfou, permitindo que os dedos de Hiro trilhassem por debaixo de seu vestido e incendiacem-lhe a pele do quadril. Estava completamente à mercê dele.

Em meio a toda conflagração, o moreno vagou as mãos quentes pela barriga macia, experimentando a sensação que era poder tocá-la tão livremente como agora fazia.

Com calma, foi em direção à saia da camisola e a ergueu para cima tal como Zero Two fizera há pouco consigo. A garota o auxiliou e não houve demora até a peça ir de encontro ao piso frio.

Hiro vislumbrou, por segundos, a beleza do corpo quase nu frente a ele. Ela era tão linda! Sentia seu interior arder pela necessidade de tê-la, embora não soubesse com exatidão como.

Zero Two possuía formas delicadas e macias, e a penumbra do quarto, em contraste com a luz noturna, iluminava-as de tal forma, que mais pareciam uma obra de arte aos olhos de Hiro.

Seus cabelos cor-de-rosa desaguavam por seus volumosos seios, escondendo-lhe os mamilos, e descendo até um pouco acima da linha do umbigo. O fino tecido branco que recobria-lhe a intimidade, era a única peça que havia em seu corpo escultural, com excessão do atavio florido que permanecia em sua cabeça.

— Você é linda demais. — falou hipnotizado; ela sorriu ousada, novamente tomando-lhe a boca.

Ele gemeu contra ela, ao que a garota impulsionou-se em direção a si, envolvendo-lhe o pescoço com os braços e pressionando seu peito contra o dele. Hiro segurou-lhe as coxas e ergueu-a do chão, de modo que ela as enlaçou ao redor de seu quadril.

Vamos pra cama. — rumorejou ela, o semblante concupiscente; ele anuiu em estado igual, sentindo incômodas fisgadas no baixo ventre.

Sem interromperem o beijo ardoroso, seguiram naquela posição em direção à pequena cama de solteiro, a qual ficava bem ao lado da janela. Àquela altura do campeonato nem ao menos sabiam como se chamavam.

Estavam fora de si. Nenhum encanto amoroso se equipararia a tamanha paixão. Estavam loucos, e alegravam-se com aquilo.

Quando notou estar frente à cama, Zero se pôs de pé. Sem parar de beijá-lo, deslizou as mãos por sua pele, indo de seus ombros até o peito; local em que as repousou sobre seu acelerado coração. Batia tão rápido quanto o dela, constatou.

Os delicados dedos foram descendo por seu torso e percorreram a linha de seu abdômen, até pairarem nas barras da calça de algodão.

E, de repente, Hiro gemeu sôfrego contra seus lábios, interrompendo o beijo. Estava tão quente que chegava a doer. Encontrava-se apanhado sem poder fazer nada, salvo segurar-lhe firmemente a cintura e afagar-lhe a nuca, enquanto ela abaixava sua calça e acariciava seu palpitante e torcido membro por cima da cueca.

Darling, se deita! — disse azafamada. — Não posso mais.

Quem deveria falar tal coisa era ele, que mal conseguia manter-se são.

Sem ter nada o que objetar, — muito pelo contrário — a permitiu que o empurrasse contra a cama. Deixou-se cair no colchão entre sorrisos, um pouco ofegante e muito excitado.

Apoiado com os cotovelos, observou-a livrar-se da única peça a qual a preservava da completa nudez, e aquela visão fez seu coração acelerar ainda mais, se é que tal coisa era possível.

Não era a primeira vez que a via de tal modo. Lembrava-se claramente de quando pensou ter sido a primeira vez que a conhecia. A imagem dela nadando tranquilamente, nua, em meio a um lago frio, jamais seria esquecida. Naquele dia, Hiro teve a certeza de que estava diante do ser mais perfeito que existia na face do planeta.

E aquele sentimento não havia mudado.

À meia luz, o esplendoroso corpo feminino era delineado em todas as suas curvas. O fogo que bruxuleava sobre o castiçal no chão, iluminava-a de longe, de baixo para cima, criando um manto luminoso por toda ela.

Zero sorriu, um pouco rubra, sem saber com precisão se era por sentir calor, ou se era pelo olhar o qual Hiro possuía naquele momento. Era engraçado pensar que ela, uma pessoa sempre tão desinibida, de repente, estava sentindo vergonha.

Tentando parecer segura do que fazia, a garota inclinou-se e engatinhou pela cama, até chegar novamente àquela boca úmida e entreaberta, atacando-a com luxúria.

Hiro estremeceu quando sentiu o choque do corpo nu repousando acima do dele. Seu membro erguia-se por baixo daquele tecido e roçava contra a intimidade feminina acima dele.

E ali compreendera com exatidão o que precisava fazer.

Dessa vez, quem gemeu foi Zero e, vendo o quão arquejante estava, Hiro inverteu as posições e a fez deitar-se com ele sobre si.

Hiro suspirou, completamente embevecido com a visão que tinha. Nunca a vira tão encantadora em toda a sua vida.

Com os longos cabelos formando um alo que se espalhava pelo colchão, e com os braços repousando em cada lado da cabeça, Zero Two lacrimejava ofegante, entregue a ele. A tiara em seus chifres fazia-a parecer um ser místico; uma fada primaveril.

Hiro emitiu um rosnado, ao contemplar os majestosos seios que haviam sido expostos, revelando os mamilos entumecidos pela excitação.

Tão perfeita!

Determinado a conhecer mais e mais sobre aquele corpo acetinado abaixo de si, Hiro desceu beijos por seu pescoço, arrancando-lhe suspiros e gemidos ao passo em que ele tornava-se mais atrevido, deslizando a língua e sentindo seu sabor.

Com as mãos da amada emaranhadas entre seus cabelos, percorreu com avidez o nariz no vale entre os seios, beijando e inalando o suave aroma floral oriundo daquele local.

Notando a clara aprovação por parte dela, que derretia-se em sons baixos, apalpou os seios macios e entregou-se à própria curiosidade, ao que desceu a boca e beijou-lhe as auréolas rosadas, percorrendo a língua quente no local; ato que a fez segurar a respiração e apertar as mãos entre os cabelos de Hiro, mantendo-lhe a cabeça onde estava, na esperança de aliviar a tensão que se estendia até seu centro mais íntimo.

Para ele, Zero Two era um vício incrivelmente bom e prazeroso, do qual jamais gostaria de se ver livre. Toda ela era fascinante. Não falava somente sobre seu majestoso corpo, mas também de seu jeito imprevisível de ser. Aventurar-se junto a ela era a melhor felicidade que possuía.

Ambos sentiam que estavam em chamas. Nunca imaginaram um dia sentir tamanho desejo e euforia. Mesmo que numerosas vezes tivessem trocado beijos nada castos, em nada se comparavam com aquilo.

 — Darling, eu… preciso de você. — disse com dificuldade, arqueando-se; ele assentiu com muita veemência, afastando a boca da carne macia e retirando a mão que até então acariciava-lhe a parte interna da coxa.

Àquela altura do campeonato, já havia compreendido a dinâmica da coisa. Seria estúpido se não entendesse que precisariam ambos estarem despidos para que tal coisa ocorresse.

Com a ajuda de Zero, baixou a peça íntima até a altura dos joelhos, onde a partir dali foi capaz de tirá-la com os pés.

Ali estavam eles, nus. Literal e metaforicamente. Nada mais os impediria de consumar seu amor. Estavam livres de qualquer segredo.

Hiro abaixou a cabeça para olhar-se. Aquilo era abafadiço. Seu membro estava orgulhosamente ereto.

Naquele instante notou que uma mão suave se fechava em torno de sua masculinidade e a acariciava de cima para baixo. Acreditou que morreria e soube que não iria durar muito.

Desse jeito você acaba comigo. — afirmou sofregamente, fechando os olhos.

Ela sorriu, contemplando-o. Hiro estava incrivelmente atraente com aquela expressão. A carne dele era aveludada e pulsava em desejo, e aquela constatação fê-la acelerar a respiração.

Depois de alguns segundos retirou a mão a qual, para sua surpresa, estava demasiadamente trêmula. Em seguida notou que tal reação desencadeava-se por todo o seu corpo, acompanhada de um frio no coração.

Estava… ansiosa? Definitivamente. Queria aquilo tanto quanto, ou até mais do que ele. Isso não significava, entretanto, que não possuísse alguma insegurança com relação ao que suceder-se-ia logo após. Era a primeira vez que faria aquilo.

Hiro, que tão bem a conhecia, desanuviou seus pensamentos, ao que tocou-lhe a bochecha e sorriu com candura.

— Ei, está tudo bem. — ele falou com mansidão, os olhos transmitindo grandioso afeto. — Não precisa ficar preocupada.

Era como se aqueles olhos possuíssem a essência de águas plácidas e acolhedoras, as quais possuíam milagrosos poderes curativos.

Zero sorriu tal como ele; apaixonada.

— Sim, eu não vou. — ela garantiu, verdadeiramente calma.

Com os corações batendo no mesmo ritmo, fecharam os olhos marejados e tornaram a se beijar. Demoradamente, apaixonadamente. Era muito mais do que um simples encontro de bocas. Nele havia carinho, amor, reciprocidade. Uma mensagem que dizia que pertenciam um ao outro, como marido e mulher, de corpo e alma.

E tudo ocorrera de forma tão bela e etérea quanto as estrelas que no céu brilhavam.

No primeiro instante em que sentiu estar rodeado pela carne úmida e ardente, rompendo uma pequena barreira, Hiro interrompeu-se. Ainda que aqueles deleitosos músculos se contraíssem em torno dele, presenciou a dor estampada no semblante da esposa.

Disposto a fazer daquilo um momento especial, beijou-lhe com devoção todo o rosto, sem ignorar nenhum local.

— Eu te amo, Zero Two. Eu te amo. — declarava a cada novo selar depositado sobre a cútis macia, as mãos entrelaçadas às dela.

— Eu também te amo, Darling.

Após beijarem-se na boca, ele tocou-lhe os seios, a barriga, as coxas e o meio sensível entre suas pernas, fazendo-a gemer e estremecer com ele em seu corpo.

E depois de um tempo a dança do amor foi intensificando o ritmo, até seus corpos vibrarem no ápice da paixão. Conheceram um ao outro e deixaram-se levar, seguindo o clamor do sexo, porque naquela noite não podiam existir reservas ou falsos pudores.

Naquele momento sentada sobre Hiro, Zero assumia a liderança, se erguendo e baixando. Movimentos esses que, embora fossem tortuosamente lentos, provocaram ondas de prazer que os incendiaram por inteiro. O ritmo foi aumentando gradativamente, até converter-se numa desenfreada cadência.

Com um sorriso extasiado no rosto, ele a assistia mover-se sensualmente, enquanto a segurava pela cintura e a auxiliava. Observava o esbelto rosto enquanto ela reclamava por seu corpo. Enxergava seu próprio ardor refletido nele e o deleite que a embargava, muito diferente de tudo o que tinha conhecido e imaginado até então.

Hiro a esperou. Esperou muito tempo; e poderia esperá-la por toda a eternidade, se assim fosse necessário. Ela o tinha em suas mãos. Comandara um jogo delicioso e lento, e ele fora capaz de manter-se à sua altura durante toda aquela noite, devolvendo cada carícia e jura de amor. Todavia, a moça se esticou, apoiou todo o seu peso sobre os joelhos e a parte inferior das pernas, fechou os olhos e deixou que as sedutoras pontas de seus dedos lhe roçassem o abdômen.

Ele afastou uma mão de seus quadris e a introduziu entre seus corpos, depois estendeu o polegar até encontrar o lugar que procurava e acariciá-lo ligeiramente, ciente do efeito que tal gesto a proporcionava.

Zero, por sua vez, jogou a cabeça para trás enquanto seu majestoso cabelo deslizava por suas costas. Esticou todos os seus músculos e deixou escapar um grito. Hiro a segurou mais firmemente pelos quadris e se introduziu nela com um par de poderosas arremetidas, que o fizeram alcançar seu próprio clímax.

E naquela noite sentiram que chegaram às fronteiras do universo. Que alcançaram muito além das nuvens e do que havia nos céus. Seus corações palpitavam livres e eufóricos, enquanto ambos permaneciam abraçados na cama, cobertos pelo lençol.

Isso foi…

Mágico… — a garota fez questão de completar a frase, aconchegando-se contra o peito suado e ofegante abaixo de si.

Ele riu anasalado, porque era exatamente aquilo que sentia. Havia sido completamente enfeitiçado.

— Toda a vez que ocorre é assim? — questionou gáudio, denotando o quão novo tudo aquilo era para si.

Zero sorriu e meneou a cabeça, ao que ergueu os olhos em direção a ele e completou:

— Mas acho que só é assim quando duas pessoas se querem de verdade, como nós dois.

O rapaz alargou o sorriso, concordando com aquela opinião.

— Entendi. — respondeu amável, beijando-lhe a testa e acariciando-lhe as costas; ato que a fez fechar os olhos e ronronar.

O ar da noite era frio e percorria o quarto através da janela aberta, mas ambos estavam aquecidos e contentes em seu abraço, apreciando daquele momento íntimo ao qual sabiam que não duraria muito.

Hiro estava distante em seus pensamentos. Admirava a mulher em seus braços, ciente do quão indispensável ela era em sua vida. Aquele era o rosto que gostaria de ver assim que acordasse, bem como aquele que gostaria de ver ao ir dormir. Seu amor era simples em sua essência. Junto a ela o tempo parecia congelar. Haviam se tocado e se amado, e aquela constatação o deixava reflexivo, afinal de contas, se não fosse por Zero, dificilmente saberia da existência de algo tão sublime.

— Ei, Zero… — falou baixinho e em tom reticente após algum tempo em silêncio, afagando-lhe o topo da cabeça.

— Huh? O que foi? — ela ergueu minimamente a cabeça e o olhou, inofensiva.

Ele interrompeu o carinho e a observou por alguns segundos, até dizer:

— Como você sabia sobre todas essas coisas? — expôs a própria curiosidade. — Nunca nenhum adulto nos falou sobre isso. — argumentou, os olhos inócuos.

Dado o fato de que a sexualidade, e tudo que a envolvia, era um tabu no meio ao qual viviam, não compreendia como Zero Two, dentre todos eles, possuía algum saber acerca de tal tema, indo ao ponto de até mesmo ensiná-lo a beijar e fazer amor. O conhecimento que tinha sobre o amor romântico, com certeza se dava às memórias que possuía de The Beast and the Prince, mas e quanto às questões sexuais? Aquele conto não possuía tais ensinamentos!

Ao ouvir a pergunta, a garota assumiu um ar pensativo e um pouco nebuloso. Desviou o olhar, umedeceu os lábios e expirou pesadamente. Aquele era um assunto delicado. 

 Hiro iria pedir desculpas, no entanto, a voz séria da garota o impediu.

— Aconteceu há alguns anos atrás. — disse intrépida, sustentando seu olhar. — Alguns dias depois que meu sangue desceu pela primeira vez, fui encaminhada à contragosto a um laboratório. — relatou. — Diferente do que eu costumava ver, nele não havia muitas coisas, exceto uma extensa maca com uma luminária ofuscante em cima, e uma mesa com seringas, instrumentos cirúrgicos e gazes. — detalhou. — Eu tive bastante medo quando vi tudo aquilo. — engoliu em seco. — Quando criança eu fui sujeitada a todo tipo de teste. Já fui submetida a choques de alta voltagem, queimaduras por fogo, gelo e ácido; à fome e sede, e a todo tipo de teste de resistência à dor. — narrou com frieza. 

Hiro sentiu um misto entre angústia, piedade e ira crescer em seu peito e alastrar-se por seu corpo. Sabia o quão maltratada havia sido, mas quando ela colocava em palavras daquele jeito, compreendia quantas cicatrizes possuía. Sentia-se impotente e aquilo acabava consigo. Tudo o que podia fazer naquele momento era trincar o maxilar e fechar os punhos, ouvindo aquelas revelações.

— No dia em questão, o teste se tratava de ver se uma mestiça como eu, — soou enfática. — possuiria condições genéticas para procriar. — riu escarniosa. — Não facilitei em nada o trabalho deles! — vangloriou-se. — Bati naqueles malditos o quanto pude, mas não percebi quando um deles surgiu por trás de mim. — rangeu os dentes. — Caí no chão e depois apaguei. — atalhou. — No momento em que acordei, estava com os pulsos e calcanhares presos àquela maca. A luz em cima de mim era muito forte, mas depois que me acostumei a ela, pude notar que extraíram sangue de meu braço e o colocaram dentro de um tubo de ensaio. Observei o ambiente e logo vi o Dr. FRANXX parado frente a mim, ostentando aquela pose arrogante. Exigi que me dissesse o que fizera comigo, e ele logo me falou seus planos. Explicou sobre as diferenças que havia entre homens e mulheres, bem como os chamados órgãos reprodutores. Contou sobre como era a humanidade antes de alcançar seu apogeu, sobre as necessidades sexuais humanas e sobre a reprodução da espécie; a chamada gestação, a qual não era mais necessária em nosso mundo evoluído. — Hiro constatou certa ironia ao fim daquela frase. — Depois de ter me falado sobre tudo aquilo, ele disse que o intuito daquele teste era ver se me tornei mais humana, e se conseguiria cruzar com parasites, a fim de replicar outros como eu, só que de forma sexuada. O doutor não estava plenamente satisfeito com os Niners e desejava ver mais além. — sorriu cáustica. — Aquele cara é insano! Faz o que for possível para alcançar seus objetivos e sanar a própria curiosidade. Minha sorte foi que ele constatou que meu DNA não havia passado por qualquer mutação que pudesse me tornar compatível com o de um parasite comum, viabilizando uma gestação. Graças a isso ele percebeu que não adiantaria em nada perder seu precioso tempo fazendo tal experimento comigo. — declarou áspera. — Eu tinha quase doze anos na época. — elucidou. — Depois disso, os anos se passaram e eu pude compreender melhor o que me dissera, assimilando com o que via em minha frente. Observar os animais foi um pouco esclarecedor, embora nem se equipare com o que acabamos de fazer. — descontraiu. — Não é nada agradável saber que por muito pouco não me fizeram cruzar com um desconhecido à força. — engoliu em seco, pressionando os lábios. — Sempre guardei esse evento comigo, mas agora me sinto verdadeiramente bem depois de te contar. — sorriu agradecida.

Um amargor saíra de seu estômago. Revelar um pouco de seu passado mostrou-se algo verdadeiramente libertador. Sentia-se leve como uma pluma e o sorriso delicado que havia em seu rosto confirmava aquilo.

Hiro, contudo, sentiu uma dor quase que palpável assolar seu coração. Depois de ouvir tudo aquilo, compreendeu que jamais perdoaria aquele cientista tirano. Sentia todo o seu corpo reagir com força, enrijecendo-se com fúria, rancor e culpa; sentimento infundado e equivocado que atribuía injustamente a si, crente de que se não a tivesse esquecido anos atrás, nada daquilo aconteceria. Precisou manter a calma e respirar fundo, ao que depois condicionou-se a atenuar a expressão de seu rosto. Se estivesse frente àquele cretino, golpearia-o; no entanto, não estava — infelizmente. Frente a ele havia Zero Two, a mulher a quem amava e jurara proteger.

Sim, era ela quem mais importava no momento.

— Você sofreu tanto e eu nem ao menos sabia. — lamentou, passando ternamente uma longa mecha do cabelo de Zero por trás da orelha. — Me desculpe, querida. — engoliu em seco enquanto acarinhava-lhe o rosto com devoção; ela negou com a cabeça e contestou seu argumento com palavras firmes, isentando-o de qualquer culpa que ele pudesse sentir. 

Enquanto a meio-urrossauro articulava, sentia corar-se de forma sutil. Não era o tipo de garota propensa à timidez ou coisas do tipo — muito pelo contrário — mas aquela havia sido a primeira vez em que Hiro a chamou de forma condizente ao modo como ela o tratava. Aquela simples frase soou aos seus ouvidos como a mais bela eufonia, de modo que a fez alargar um sorriso enquanto sentia o toque quente e acolhedor daquela mão sobre seu rosto.

Dada por encerrada a discussão, a garota fez questão de acrescentar com energia e benfazejo: 

— …Além disso, foi a primeira vez que você me chamou de querida. — pôs a mão acima da dele. — Me deixou bastante feliz. 

Ele sorriu, fazendo círculos com o polegar na pele macia.

— Pois será o jeito que te chamarei a partir de agora. Querida. — proclamou.

Após isso, beijaram-se com ternura e não demoraram a cair num sono profundo, abraçados frente um do outro, iluminados unicamente pelas estrelas cintilantes do céu.

Eles sabiam que nada era mais imprevisível e traiçoeiro do que o futuro. O que iria acontecer nos próximos dias era um mistério, mas ainda assim nutriam a esperança de que eles e seus amigos chegariam a viver dias lindos, recheados de risadas, carinho e liberdade genuína. Aquele era o maior sonho que possuíam. Tudo o que desejavam era permanecer para sempre daquele jeito; vinculados e entregues um ao outro. Ainda que não fosse concretizado naquela vida, com toda certeza seria em outra. E quando aquilo acontecesse, fariam tudo de novo; entregar-se-iam novamente àquele amor, cujo poder deixava-lhes em chamas o coração. Mesmo após gerações, aquela paixão permaneceria acesa. 

Porque o tempo para seu amor era eterno.

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