13/09/2021

No One But You

Eu tenho um carinho enorme por HanaNene. Acho eles a coisa mais lindinha desse mundo, e não é difícil pra mim imaginá-los num universo alternativo composto por fadas.
A ideia do plot veio graças a essa imagem aqui.
O desenvolvimento dela também foi bastante rápido e prazeroso de fazer, e fiquei bastante satisfeita com o resultado poético ~ fiquei emocionada, não nego.
Leiam ouvindo a música No One But You, da cantora Erutan, pois a letra é lindíssima e super combina com essa temática féerica. 
Boa leitura <3

Jibaku Shounen Hanako-kun (地縛少年花子くん) 
 [Oneshot]



A lua cheia, como uma bola de prata, iluminava a abóbada celeste de um azul profundo, pontilhado por infinitas estrelas como diamantes em uma vasta tapeçaria negra. A luz suave da lua banhava a paisagem e criava um jogo de sombras e luzes que se espalhava por todo o campo. 

As árvores, como guardiãs do campo, pareciam dormir profundamente, mas ainda assim, dançavam suavemente com a brisa noturna. Suas raízes, como dedos fortes, penetravam profundamente no solo, segurando-as firmemente no lugar enquanto suas copas balançavam graciosamente. As folhas, como uma multidão de bailarinas, seguiam os movimentos da natureza, rodopiando e ondulando com a brisa fresca da noite.

Os vagalumes, como pequenos espíritos da floresta, pairavam no ar, deixando um rastro de luz dourada enquanto voavam pelas nuvens. Seus corpos cintilantes pareciam pequenos faróis que iluminavam o caminho para aqueles que estivessem perdidos na escuridão da noite.

Às margens do rio cristalino, sapos e outros animais noturnos reuniam-se para apreciar a paz da noite. Suas vozes crocantes e melodiosas misturavam-se em um coro suave que complementava perfeitamente a serenidade da paisagem noturna.

Tudo ao redor era tão calmo e tranquilo que parecia que o tempo havia parado naquela noite mágica. E no meio de tudo isso, a lua cheia brilhava como um farol divino, guiando os viajantes em sua jornada noturna.

No coração do bosque das fadas, a paz reinava suprema, como uma rainha em seu trono de serenidade. O ar era fresco e perfumado com o doce aroma das flores e das árvores, criando uma atmosfera mágica que fazia os visitantes se sentirem como se estivessem em outro mundo.

Nenhum ser humano jamais ousaria acreditar que por trás das velhas muralhas do castelo, escondia-se um mundo mágico e fascinante, como um tesouro guardado a sete chaves. Mas ali, entre as árvores centenárias e as flores coloridas, a magia florescia como um jardim secreto, cheio de maravilhas e mistérios.

Ali, no bosque das fadas, a paz era mais do que apenas uma ausência de guerra, era uma harmonia perfeita entre a natureza e a magia. Era um lugar onde a mente e o coração se acalmavam, e a alma encontrava a felicidade que só a natureza pode proporcionar. E, por trás das velhas muralhas, um mundo mágico e encantado esperava ser descoberto por aqueles que se atreveriam a sonhar.

No Reino das Fadas não havia intrigas, mentiras, traições, mágoas, inveja, vinganças, inseguranças, ou maus pensamentos. Era como se a natureza exuberante daquele lugar estivesse impregnada pela pureza de seus habitantes: os seres feéricos. Eles eram diferentes dos mortais em sua essência, pois nasciam a partir do desejo puro de uma criança, um sonho inocente que se materializava em uma alma incorruptível.

Era quase como se as fadas fossem uma extensão da própria natureza, com seus corpos graciosos e suas asas translúcidas que brilhavam como diamantes à luz da lua. Elas voavam pelo Reino das Fadas com uma leveza invejável, como se a gravidade não existisse para elas. Suas vestes eram feitas de folhas, flores e pétalas, e em suas cabeças reluziam coroas de pedras preciosas, símbolo de sua nobreza.

Mas, acima de tudo, as fadas eram seres de amor. Quando elas amavam, era de forma genuína e eterna, tão intensa quanto o brilho de suas asas. Elas se entregavam completamente a seus parceiros, em um amor que ultrapassava os limites do tempo e da morte. Quando um ente querido partia, uma parte delas ia junto, e a saudade era como uma ferida que nunca se fechava.

Porém, cada momento ao lado de quem amavam era um tesouro incalculável para as fadas. Como seres imortais, elas acumulavam memórias que duravam milênios, guardando cada sorriso, cada carícia, cada palavra dita em seus corações. E, assim, mesmo após a partida de seus amados, eles permaneciam vivos em suas lembranças, como um raio de luz que iluminava seus dias e suas noites.

“Segure-me até você 
Ninguém além de você 
Ninguém além de você 
Segure-me até você 
Ninguém além de você 
Ninguém além de você” 

A majestosa árvore, com suas longas e sinuosas ramificações, parecia dançar em meio ao vento, como uma bailarina em seu esplendoroso traje. Suas folhas vibravam com a música suave da brisa, criando uma sinfonia harmoniosa que envolvia todo o bosque. O buraco oco em seu tronco, por onde as fadas entravam e saíam, parecia uma porta mágica para um mundo encantado.

Para o salgueiro milenar, aquela noite era especial, como um presente divino que lhe foi concedido para relembrar os bons tempos e celebrar a vida. Sua sabedoria e experiência podiam sentir a aura de amor que emanava de todos os cantos da floresta, como uma fragrância delicada que perfumava o ar. 

Enquanto isso, a donzela e seu amado desfrutavam da beleza da noite, sentados em meio à grama que se movia como ondas suaves. Seus olhos pueris brilhavam como diamantes, refletindo a luz das estrelas e o amor que sentiam um pelo outro. Suas exíguas mãos entrelaçadas eram como raízes profundas que se uniam para formar um laço inquebrável.

Os corações dos jovens batiam em harmonia, como se fossem um só, pulsando com a alegria que sentiam por estarem juntos naquela noite mágica. Seus sorrisos eram como flores que desabrochavam ao amanhecer, espalhando sua beleza e perfume por toda a floresta.

— A lua está tão linda — a fada sussurrou em puro encômio, observando a grandeza daquele céu. Um sorriso percorreu sua boca, seus olhos refletindo o cenário frente a si. Os sedosos e longos cabelos movendo-se pela ação do vento.

Para Nene, uma sonhadora fascinada pelo mundo ao seu redor, noites como aquela faziam-na viajar e deleitar-se em seus pensamentos. Ver casais apaixonados dançando frente ao luar, aquecia-lhe o peito. 

O companheiro ao lado virou o rosto em direção à garota e a admirou. A luz da lua recaía belamente sobre ambos, e Hanako sentiu que estava diante do ser mais encantador que já vira, quando presenciou o sorriso que adornava a boca de Nene. 

O reflexo de sorrir de volta foi inevitável.

— Sim, é verdade — disse ele, sereno. Apertou a mão entrelaçada à sua, desejando permanecer a eternidade unido a ela.

A moça voltou-se em direção a ele, o sorriso alargando-se e estreitando seus expressivos olhos.

O que sentiam um pelo outro sequer podia ser expressado em palavras. Poderiam passar a eternidade juntos, e ainda assim, sentiam que seria pouco para eles. Lado a lado, a vida mostrava-se ainda mais encantadora do que já era.

Vagalumes voavam ao seu redor. Os pontinhos luminescentes refletiam encantadoramente nas orbes dos amantes, em meio à penumbra; espectadores daquela confissão silenciosa. 

Mais alguns segundos se passaram, até que o rapaz ergueu-se do chão e estendeu a mão em direção à garota.

— Me concederia a honra? — perguntou ele, sorrindo tal como o príncipe que era.

Nene tocou a mão dele sem exitação.

— A honra é toda minha, alteza — dispôs-se ela, sorrindo.

E assim, ergueu-se do chão e foi guiada gentilmente por ele até o meio do campo, no qual outros pares dançavam e festejavam a noite, como astros em órbita.

O casal realizou uma breve reverência e juntou as mãos, dando início a um balé solene e compassado, daqueles que inspiravam poetas apaixonados. Atentos um ao outro; imersos naquele momento, cujos únicos sons eram o vento frio sussurrando em seus ouvidos e a água fluindo pelo rio.

Ela era como uma rosa delicada, deslizando pelos braços do seu amado, que a segurava com tanta firmeza como um tronco de árvore que abraça o solo. Eles flutuavam como folhas suaves levadas pela brisa, cada passo conduzindo-os para um lugar mais profundo em seus corações. Seus pés seguindo o ritmo imaginário de um coral lírico, composto por harpas e alaúdes. O sopro da vida ardendo dentro dos corações de ambos.

Aquilo era viver.

As águas do rio pareciam acalmar-se, como se em um estado de reverência diante daquela cena magnífica. O vento frio que antes sussurrava agora parecia exalar um suspiro de admiração. 

Em meio ao embalo da dança, as jovens fadas permitiram-se ir mais além. Em segundos estavam longe de tudo e todos, há metros de distância do chão. As asas cintilantes batendo em harmonia contra o ar, enquanto dançavam com beatitude e derretiam-se nas piscinas do céu.

“Todo mundo é querido
Quando meu amor está próximo
Oh para ficar aqui
Longe de tudo o que temo”

E assim, naquela inefável noite de outono, a natureza testemunhou o encontro de duas almas gêmeas, unidas pelo amor que brotava em seus corações e se espalhava pelo mundo como uma luz brilhante e contagiante. O salgueiro milenar, com sua sabedoria ancestral, acolheu esse momento como uma dádiva divina, deixando que o amor e a felicidade permeassem o ar e inundassem a todos com sua magia.

A noite agora possuía um tom de roxo profundo, tecida por estrelas vistosas. A lua cheia reluzia hipnoticamente. O tempo frio era a confirmação de que o inverno não tardaria a chegar, e transformaria todo aquele cenário numa floresta nua e branca.

Nene estava embevecida com a imagem daquele lindo rapaz diante de si. Hanako estava com seus cabelos castanhos escuros desgrenhados pela testa, como as vinhas que se entrelaçam em um bosque encantado. A tiara de ouro reluzia timidamente em seus cabelos, como um tesouro precioso escondido na floresta.

A luz do plenilúnio caía majestosamente sobre ele, iluminando não somente suas vestes de contas douradas, como também seus olhos cor de hidromel, adquirindo assim, um tom ainda mais intenso e magnético. Todo ele era atraente e embriagante.

O príncipe sorria de volta para ela, como se cada sorriso fosse uma canção de amor que ele entoasse. Nene sentia seu coração bater acelerado, como um pássaro que tenta voar livremente, mas que é pego pela sedução de uma melodia encantadora. As maçãs do rosto sutilmente coradas, como as pétalas de uma rosa que desabrocha em meio à primavera. Os dedos da mão atados aos dela, como se fossem uma extensão de seu próprio ser.

— Eu gostaria que esta noite jamais chegasse ao fim — a moça declarou, ao que escondeu o rosto próximo à curva do pescoço de Hanako.

Fechou os olhos, deleitando-se com aquele calor.

— Eu também — disse ele, acarinhando de leve a delgada cintura na qual repousava uma de suas mãos. O nariz próximo aos cabelos cor de marfim, inalando o suave cheiro floral oriundo dali.

Jasmins e mandrágoras, ele constatou sorrindo.

Havia algo nela, que fazia-o se sentir preenchido. Puxava-o para uma inércia que o fazia flutuar metafórica e literalmente. Nos braços dela, era completo. Junto a ela, podia tocar a face das estrelas e ir além.

A lua nunca pareceu tão perto quanto naquela noite.

“O amor é como navegar pelo luar
Lendo as estrelas, navegando à noite
Eu sei que amanhã estarei mais perto de você
Você é o único que eu quero
Ninguém além de você”

Quando seus olhos reluzentes se encontraram, ele se inclinou e a beijou; ela, sua eterna noiva e amante. Sua amada princesa, a musa que inspirava seus sonhos mais belos. O beijo era um ato de ternura e amor, que fazia-os sentir como se o tempo tivesse parado. 

Entre eles, tudo era mágico e encantador. Seus lábios macios e carnudos eram como o néctar que alimenta as flores mais belas do jardim, como um doce que satisfaz a alma. Era como sentir o calor do sol no frio da madrugada, uma brilhante luz de verão capaz de derretê-los.

Porque eles eram filhos da noite, criaturas que floresciam sob a luz da lua gélida. Juntos, voavam nas asas do destino, como dois pássaros que dançam em um céu de estrelas. Cada toque era uma promessa de amor eterno, uma chama ardente que queimava dentro de seus corações.

— Eu amo você — disseram em uníssono, como se fosse uma canção que ecoava no universo, um mantra que alimentava sua alma e iluminava seu caminho.

Juntos, eles eram a luz que brilhava na escuridão e a esperança que renascia a cada amanhecer.

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