25/05/2023

Os Profiteroles de Larin

Eu escrevi essa oneshot há meio século atrás e decidi postá-la. TIAOFM não havia terminado ainda e... Nossa, como eu estava apaixonada pelo Del! ~saudades de ler esse manhwa.
Por algum motivo, as fanbases não tem um consenso sobre o modo exato de como escrever o nome dos personagens, mas prefiro chamar a Larin de Larin mesmo euhuehue.
♡ 
This is an Obvious Fraudulent Marriage (이건 명백한 사기결혼이다)
[Oneshot]

Era um dia primaveril lindo e ensolarado, convidativo a atividades ao ar livre e a momentos em família. A grama verde ondulava ao vento, e o sol da tarde recaía graciosamente sobre os limoeiros e cedros que circundavam a paradisíaca ilha costeira.

Naquela tarde encantadora, Larin Kalied encontrava-se envolta em um refúgio de tranquilidade, sentada na sala de sua casa de férias. Os raios de sol, filtrados através das cortinas de renda, pintavam delicados padrões de luz e sombra pelo cômodo. Enquanto o aroma fresco da natureza pairava no ar, Larin mergulhava em uma revista sobre economia doméstica, com suas páginas cheias de promessas de novas descobertas e ideias.

Não era segredo para ninguém que Larin era uma verdadeira formiga apaixonada por comer, mas quando se tratava de cozinhar, ela não era exatamente uma expert na cozinha. Sua habilidade com uma panela era tão… questionável que, certa vez, ela fez uma torrada se tornar carvão.

No entanto, Larin não era uma mulher fraca que se deixava abater, gostava de desafios e estava determinada a impressionar Delice, seu marido, com seus próprios profiteroles caseiros.

Oras, não devia ser difícil. Del cozinha pra mim todos os dias. Consigo fazer isso.

Com a revista de receitas aberta à sua frente, Larin começou a reunir os ingredientes necessários, seguindo as instruções meticulosamente. Ela misturou a massa com cuidado, fazendo o aroma da baunilha se dissipar pelos ares.

Naquele instante Larin permitiu-se sonhar com o resultado perfeito. Imaginou profiteroles delicados, como pequenas joias culinárias, reluzindo sob a luz suave do entardecer. Sua mente voava em meio a imagens de montanhas de profiteroles, prontas para encantar os sentidos e aquecer o coração de seu marido, que a veneraria e diria o quão sortudo era por ter uma mulher tão linda e perfeita como ela.

“Hehehe, hoje irei mostrar todo o meu talento culinário e conquistar o paladar do meu amado Del”, pensava ela em meio a risadinhas maliciosas enquanto imagens lascivas dela junto ao marido formavam-se em sua mente.

Larin era uma esposa dedicada e profundamente apaixonada pelo marido. O amor que compartilhavam era verdadeiramente extraordinário, transcendendo além desta vida e prometendo durar por toda a eternidade. Consciente da sorte que tinha por tê-lo ao seu lado, Larin empenhava-se ao máximo para proporcionar uma vida tão feliz para Delice quanto a que ela própria desfrutava ao lado dele. 

Naquele momento, ela colocou cuidadosamente suas preciosidades no forno, sentindo uma leve ansiedade no ar, misturada com uma doce antecipação. 

Agora que os doces estavam assando, Larin se concentrou em preparar a deliciosa ganache que os acompanharia. Com maestria, ela rapidamente finalizou a cobertura de chocolate, sentindo um enorme orgulho ao observar o resultado. Com um dedo levemente sujo de chocolate, Larin não resistiu e levou-o até a boca, saboreando o doce sabor com um sorriso de satisfação no rosto. Ela imaginou seus profiteroles perfeitamente arrumados, cobertos com um delicioso ganache de chocolate. Mal podia esperar para ver a reação de Delice.

Vendo que tudo o que lhe restava era esperar os doces terminarem de assar, Larin aproveitou para dar uma olhada nas dicas de decoração de uma revista.

Finalmente, o sonhado momento chegou. Larin retirou a assadeira do forno e, com cuidado, colocou os profiteroles sobre a bancada. Seu coração batia rápido de emoção.

No entanto, quando pôs seus olhos em sua criação, ela percebeu que algo havia saído errado. Os profiteroles não eram bonitinhos e uniformes como os do livro de receitas, mas sim esparramados e assimétricos, além disso, a cor estava diferente. Em vez de dourados e tentadores, eles estavam mais para uma tonalidade marrom desanimada.

Larin contemplava aquela arte abstrata e deixou escapar uma gargalhada nervosa.

— Bem, pelo menos eles têm personalidade. São como as estrelas do rock, rebeldes e únicos! — tentou se consolar. — É, não importa. Depois que eu os cobrir com chocolate, nem vai dar pra notar.

Tentando não se deixar abater, ela logo se pôs a despejar a cobertura de chocolate sobre os profiteroles recém-saídos do forno. Aquele momento era uma sinfonia de doçura e fragrância, um convite irresistível para a protagonista se deliciar com a promessa de uma explosão de sabores divinos.

Mas, infelizmente, o destino parecia ter uma ironia cruel reservada para Larin. Ao pegar um dos profiteroles cuidadosamente cobertos, ela mal poderia imaginar a catástrofe que a aguardava. Com um movimento ansioso, ela levou o doce à boca, esperando ser envolvida por uma harmonia perfeita de texturas e sabores.

No entanto, assim que seus dentes penetraram na massa macia e sua língua entrou em contato com o recheio, ela foi atingida por uma explosão de sensações tão devastadoras que poderiam rivalizar com as mais trágicas histórias gregas. O sabor salgado, uma traição suprema, dominou seu paladar com uma força avassaladora, como se um oceano revoltoso tivesse sido destilado dentro daquele pequeno e frágil doce.

A primeira mordida foi um choque, um terremoto gastronômico capaz de fazer tremer até os mais valentes. O gosto salgado tomou conta de sua boca como um exército de sereias sedentas por lágrimas, envolvendo cada papila gustativa em uma dança amarga e torturante. A baunilha, que deveria trazer uma doçura celestial, se transformou em um eco distante, sufocado pelas ondas salinas que assolavam o paladar de Larin.

Seus olhos se arregalaram em desespero e incredulidade diante dessa tragédia culinária. As lágrimas afloraram em seus olhos, misturando-se com o sabor salgado e ampliando a sensação de tormento que se instalava em sua boca. Ela sentiu como se estivesse sendo arrastada por uma maré impiedosa, aprisionada em um redemoinho de sal e decepção.

— Meu Deus! O que eu fiz? — exclamou ela, chocada com o resultado desastroso.

O profiterole havia se tornado um símbolo de amargura e desespero, uma pequena bola de sofrimento encapsulada em uma fina casca amarronzada. Larin experimentou uma mistura paradoxal de indignação e tristeza, uma vez que o doce que deveria ser um deleite se transformara em uma experiência que desafiava todos os limites da razão e do bom gosto.

A cena trágica do profiterole salgado se desenrolou com uma grandiosidade digna dos maiores dramas shakespearianos. Era uma combinação perversa de elementos, como uma sinfonia dissonante que desafiava todas as expectativas. Larin se viu presa em um pesadelo culinário, onde o chocolate doce era apenas uma fachada enganosa para a cruel realidade salgada que aguardava aqueles que se atrevessem a provar.

Nesse momento, Delice entrou na cozinha, seguindo o aroma abaunilhado que se dissipava pelo ar. Ele parou abruptamente ao ver a esposa adoravelmente vestida com um avental culinário cheio de babados, a expressão de desalento no rosto enquanto contemplava uma travessa de… Ãhn… O que seria aquilo? 

— Rinrin, o que aconteceu aqui? — perguntou Delice, aproximando-se.

Larin olhou para ele cabisbaixa.

— Bem, eu pensei em fazer uma surpresa para você com meus próprios profiteroles, mas parece que as coisas não saíram exatamente como o planejado.

Cauteloso, Delice se aproximou, roubando um bolinho que tinha um formato peculiarmente torto. Ele deu uma mordida e fechou os olhos.

Assim que mastigou, Delice fez uma careta de dar pena e começou a fazer uma série de expressões faciais dignas de um concurso de caretas. Seus olhos se apertaram como se estivesse mascando um pedaço de limão extremamente azedo, e seu rosto parecia ter encontrado o verdadeiro significado da palavra “desgosto”.

Com uma voz trêmula, ele conseguiu articular algumas palavras:

— Err… Querida, profiteroles não deveriam ser doces? 

Larin se encolheu frustrada consigo mesma.

— Eu pensei que estava colocando açúcar neles, mas acidentalmente acabei colocando sal. Parece que minhas habilidades na cozinha ainda têm muito a melhorar.

Delice colocou a mão sobre o ombro de Larin, transmitindo-lhe um sentimento reconfortante de amor e compreensão.

— Querida, não se preocupe. Nem sempre as coisas saem como planejamos, mas o importante é que você se esforçou e tentou. O amor que colocou nesses profiteroles é o ingrediente mais valioso. Além disso, eles teriam ficado gostoso se não estivessem tão absurdamente salgados e cobertos de chocolate.

Larin olhou nos olhos de Delice, sentindo-se grata pela sua compreensão. Um sorriso começou a se formar em seus lábios enquanto ela refletia sobre a situação.

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