Um capítulo gostosinho com uma breve apariçãozinha do Mordecai (acho a irmandade entre a Morgana e ele tão lindinha!) ♡
Morgana and Oz
Oz esticou as patinhas, espreguiçando-se de seu longo sono. Contorceu-se, abriu os olhos devagarinho e aos poucos foi assimilando as coisas; borradas e opacas, assim como tudo o que conseguia enxergar através daquelas íris felinas. Ainda com preguiça, reparou que dormira sobre a escrivaninha de Morgana. Já estava de noite, um pouco mais do que 21h, denotando que dormira por demais.
O gatinho então virou o rosto e deparou-se com Morgana de costas para si, sentada no chão, rodeada por livros e calhamaços espalhados ao seu redor. Ela lia todos ao mesmo tempo, procurando avidamente por algo.
Sabendo bem do que tudo aquilo se tratava, Oz levantou-se de seu lugar e foi até a garota.
— Desse jeito você vai ficar doente.
A garota ergueu os olhos em direção a ele.
— Oz, você acordou! Dormiu bem? — disse daquele jeitinho doce e atencioso típico dela.
— Eu sim, mas pelo visto, você não.
Ele indicou o rosto dela com a pata, fazendo-a tomar consciência das olheiras que se destacavam em seu rosto.
— Não precisa se preocupar, eu estou bem! — garantiu. — Estou estudando alguns feitiços pra reverter sua maldição.
A garota prontamente ergueu um dos livros abertos frente a Oz.
— Acho que encontrei um que funciona!
De uma hora para outra, ela parecia energizada. Perigosamente energizada, constatou Oz.
— M-Morgana, não faça i-
Sem deixá-lo terminar de falar, a jovem bruxa apontou a varinha e recitou um parágrafo inteiro de palavras ininteligíveis que fizeram com que uma névoa roxa imergisse do chão e consumisse o pequeno gato.
O drama causado pela cortina de magia não durou mais do que cinco segundos, até se desfazer e revelar uma ratazana pra lá de feia — e com uma de cara pra lá de mal humorada, inclusive.
— MORGANA, O QUE VOCÊ FEZ COMIGO? — Oz esbravejou com uma vozinha estridente enquanto colocava-se de pé, erguendo a parte superior do corpo e cruzando as patinhas minúsculas.
— AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH UM RATO!!!!!!
A garota subiu desesperada em cima de uma cadeira, sacudindo-se toda.
Era só o que faltava. De gato fofinho, passara a ser um ratazana cinza gigante, de orelhas e bigodes longos, capaz de inspirar medo inclusive a si mesmo.
Aquelas eram as ironias da vida.
— MORGANA! — gritou acusadoramente.
— CALMINHA, OZ! JÁ VOU REVERTER O FEITIÇO! — aquela frase mais parecia estar sendo direcionada a si mesma. Ela passou avidamente os dedos ao longo da página do livro até parar numa parte específica. — AQUI, ACHEI!
Sem perder mais tempo, a garota apontou a varinha em direção a Oz e recitou uma nova mágica.
PUFF!
Lá estava o Oz gato de volta.
— ONDE ELE ESTÁ?! — gritou Mordecai, invadindo o quarto da irmã munido unicamente por um mata-moscas que certamente não seria de qualquer efeito contra um rato.
O garoto estava em estado de alerta, olhando para todas as direções.
Morgana quase sorriu.
— O gato já deu conta dele, irmão.
Oz fez seu teatro, lambendo-se como um felino recém-saciado.
— Ah, certo. Ainda bem — Mordecai suspirou aliviado. — Vou voltar pro meu quarto.
O garoto então se retirou dali, exibindo um ar cansado e até mesmo maduro para a sua idade.
Era um bom menino. Mesmo sendo mais novo que Morgana, sempre enfrentava os próprios medos e ia salvá-la.
Sozinhos novamente, Morgana permitiu-se sentar exaurida sobre a cadeira.
— Oh, Oz, me perdoe — ela lamentou. — Estou fazendo tudo o que está em minha capacidade, mas não é suficiente.
Ela abaixou os olhos tristonha.
— Me desculpe, de verdade — repetiu.
O gatinho suspirou.
Morgana tinha aquela estranha capacidade de mexer consigo. Nunca fora o tipo de pessoa muito empática ou propensa a camaradagens, mas por algum motivo, aquela garota conseguia despertar nele aquela necessidade imediata de confortá-la; dizer-lhe palavras de apoio e zelar por seu bem estar. Vê-la mal, sabe-se lá por que, deixava-o aflito.
Valia ressaltar, no entanto, que o oposto também era verdade: Quando a via sorrindo, Ah… era como verdadeira mágica! Algo dentro de si acendia e fazia-o sorrir de volta.
— Ei, tá tudo bem, Morgana — ele a consolou, em pé sobre as quatro patas, a voz tranquila. — Você tem se esforçado e eu reconheço isso.
Ela ergueu os olhos em direção a ele.
— Tenho certeza que logo você irá conseguir, afinal, você é Morgana Winterberry.
Ele sorriu bondoso, aproximando a pata de seu rosto em um gesto intimista.
— Own! Muito obrigada, Oz.
Os olhos dela eram como um par de joias brilhantes. O sorriso doce como mel, capaz de desestabilizar qualquer pessoa que o visse.
— E-Ei, o que você pensa que está f-
Oz nem ao menos conseguiu terminar seu protesto, pois em segundos estava nos braços de Morgana, acolhido em seu abraço forte e caloroso.
Eles permaneceram abraçados por quase um minuto sem nada a dizer, apenas apreciando o poder daquele simples gesto.
Depois de algum tempo Morgana ergueu-o em direção aos seus olhos e disse com a voz atenuada:
— Sabe, eu vou sentir saudades de você como gato.
Ela então sorriu.
— Hunf!
Foi tudo o que Oz se limitou a resmungar, virando o rosto na direção oposta.
Além dos cafunés na barriga e por trás das orelhas, uma das maiores vantagens de ser um gato era poder corar, sabendo que ela jamais repararia.
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